A onde vai BABALOTÍN? Vou sair no afoxé…
Se me perguntarem onde eu me sinto mais negra poderia dizer que é em qualquer lugar, mais onde me sinto mais africana eu posso dizer sem sombras de dúvidas que é no cortejo do afoxé.
Desde de 2001 eu desfilo no bloco de afoxé Ayó Delê, um cortejo afro do qual eu sou destaque. Já desfilei em todas as alas do cortejo, e no dia 10 desse mês de junho o bloco foi de novo as ruas e eu com ele.
Esse bloco afro faz homenagem as Iabás africanas, em especial a Oxum, senhora dos rios, da beleza, da maternidade e do ouro.
Há sete anos o afoxé leva alegria aos becos da antiga capital Goiás, fazendo uma alusão a festa da rainha negra citada por alguns historiadores goianos como Sebastião Fleuri e Paulo Bertrão.
Segundo esses historiadores essa festa, datada do séc xviii, consistia em um cortejo onde uma escrava jovem e linda era escolhida para ser rainha. Em seguida ela era banhada nas águas do rio Vermelho, e vestida de dourado para lembrar as riquezas da mãe África. Nesse dia essa rainha era venerada e desfilava pela antiga Vila Boa, hoje Goiás.
Esse cortejo lembra os cortejos de etnia banto angolano. O afoxé nasceu do desejo de reviver esses momentos gloriosos dos quais nossos reis e rainhas africanos tanto quizeram preservar em terras goianas
Durante o cortejo a língua falada e cantada é Ioruba ou bantu, tudo como manda na tradição afro, mas a alegria que o cortejo traz a onde quer que passe é universal, vai além das letras do Ijexá e das cores das roupas.
A alegria está estampada no rosto de quem desfila e de quem assiste e acompanha mesmo que timidamente, sem entender porque os tambores os chamam.
Rosinalda é Graduada em História – UEG Goiás
Pós-graduada em Gestão do Patrimônio Cultural – UEG Goiás
Mestre em Gestão do Patrimônio cultural pela UCG
Professora de História Africana
Contadora de histórias