por Sílvia Amélia de Araújo
Os tambores começam a soar. As crianças fazem a roda, criança pequena, criança grande, adulto também. Todos sambam. O que mais me chama a atenção é como os meninos requebram sem nenhuma vergonha, e por gosto, não estão sendo obrigados. Querem! Também as crianças gordinhas dançam e rebolam, sem a vergonha que em tantos lugares lhe ensinam a ter do próprio corpo.
Teve muito samba de roda e umbigada na Sacyzada que eu fui, que na verdade era uma festa escolar, da escola da Vila Esperança, um lugar que já comentei e publiquei fotos aqui. É uma escola pluricultural, focada em cultura indígena e africana.
Se aqui em Goiás Velho eu fincar minhas raízes e aqui tiver filhos, quero que estudem na Vila. Lá eles não serão preparados desde miúdos para ir bem no Enem e passar nos maiores vestibulares ou para serem empreendedores como as escolas tops das grandes capitais fazem.
Mas terão sim um grande aprendizado que infelizmente poucas escolas oferecem, um aprendizado de corpo inteiro. Quero que meus filhos, se filhos eu tiver, sejam desinibidos como as crianças da Vila, dançadores, alegres, solidários, capazes de reconhecer plantas e árvores, enfim, que sejam bichinhos do mato, no melhor dos sentidos.
