Atividade fez parte do Ojó Odé, vivência cultural afrobrasileira, ocorrida por videoconferência no dia dez de junho.
As crianças da Escola Pluricultural Odé Kayodê puderam diminuir um pouco as saudades da Vila Esperança, adentrando o Quilombo, mesmo que de maneira virtual. Cantaram junto com Robson e Lucia as músicas que a décadas embalam as tardes de quinta no Odó Odé, dia do caçador, escutaram atentamente ao Mito de Origem da Agricultura e em seguida realizaram uma oficina de arte com utilização de sementes. Veja como foi no canal Rádio da Vila Esperança no YouTube.
Há muito vimos bebendo aqui na Vila Esperança das fontes do sonho e do mito. No começo o mito era apenas mais um instrumento privilegiado do resgate cultural, politização e consciência da força pessoal, colocada a serviço do coletivo. Mito era som, cor, movimento, gosto – arte. Isso já é muito, mas ele é mais que isso, muito mais que isso. Na busca do infinito e do incomensurável da alma humana, é que o mito toma lugar. São “histórias sociais”, formadas nas culturas, que curam. Eles dão mais do que um desfecho moral do conto de fadas, eles podem nos dar chaves de leitura para os mistérios eternos do ser. Pelo herói e sua aventura pública tornada mito pela coletividade, podemos ancorar elementos para a aventura particular do indivíduo. Há anos contamos histórias e mitos aqui nos círculos de crianças e jovens da Vila Esperança, essa prática depois foi valorizada pelo Projeto de Filosofia para Criança, sobre o qual temos nos debruçado e investido sempre mais. As tardes do “Ojó Odé” (dia da caçada) são especiais, esperadas e reivindicadas semana após semana. Nesta tarde as oficinas se iniciam pela contação de um mito. Todas as atividades após são feitas como reflexão e vivência desses mitos. Trecho do artigo “Mito, Poesia, Religião”, de Robson Max de Oliveira.